Além da seca que dizimou a produção de cana na região Nordeste, os produtores de álcool etílico no Brasil vem sofrendo com a forte concorrência do produto fabricado nos Estados Unidos, à base de milho. No primeiro trimestre deste ano, as importações do produto tiveram incremento de quase seis vezes, alcançado os 721 mil metros cúbicos, com base em dados oficiais. O Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado da Bahia (Sindaçúcar-BA) diz que o cenário é bastante prejudicial para a indústria nacional e defende a retomada de um imposto de importação para o produto. A tributação, que existia até 2010, foi retirada em 2010, quanto o governo brasileiro brigava pela liberalização do comércio de etanol, pressionando os EUA a removerem suas tarifas de importação – estratégia que aparentemente não resultou em conquistas para as empresas brasileiras do setor.
Concorrente subsidiado
O presidente do Sindaçúcar-BA, Luiz Carlos Queiroga, diz que o atual cenário gera prejuízo aos produtores locais. “Não há como competir com os preços praticados pelos EUA, que têm excedente de etanol de milho e ainda recebem subsídio do governo americano”, explica. Para enfrentar a situação, o Ministério da Agricultura recomendou à Câmara de Comércio Exterior (Camex) que o Brasil adote um imposto de importação para o etanol. A medida atende a um pedido de usinas brasileiras. Atualmente, 99,71% do etanol importando pelo Brasil vêm dos Estados Unidos. Os produtores lembram ainda que a defesa do etanol nacional é importante para ajudar o Brasil a alcançar os compromissos ambientais assumidos no acordo de Paris. Uma coisa que é difícil de entender é como o país do Proálcool e seus carros flex conseguiu esfacelar uma cadeia produtiva tão promissora.
106 mil metros cúbicos foram produzidos pela Bahia no ano passado
52 % foi a queda na produção, na comparação entre 2015 e 2016
Fonte: Farol Econômico