A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve fechar este ano em 6,6%, segundo projeção divulgada hoje (31) no Relatório de Inflação, editado trimestralmente pelo Banco Central (BC). A estimativa anterior, publicada em dezembro, era 6,2%. Para 2017, a estimativa de inflação passou de 4,8% para 4,9%. Em 12 meses encerrados em março de 2018, a projeção de inflação é 4,5%.
Esses cálculos são do cenário de referência, elaborado com base na taxa básica de juros, a Selic, no atual patamar (14,25% ao ano), e o dólar a R$ 3,70. O BC também divulga estimativas do cenário de mercado, em que são usadas projeções de analistas de instituições financeiras para a taxa Selic e câmbio. Neste caso, o IPCA também deve ficar em 6,9% este ano, ante 6,3% previstos em dezembro último. Para 2017, a estimativa de mercado foi ajustada de 4,9% para 5,4%.
Inflação
O Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu como centro da meta de inflação 4,5% para 2016 e 2017. O limite superior é 6,5% este ano, e 6% em 2017. Ou seja, tanto na projeção do BC quanto na do mercado, a inflação vai ultrapassar o teto da meta este ano.
O Banco Central espera por maior retração da economia este ano. A projeção para a queda do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos, passou de 1,9%, divulgada em dezembro, para 3,5%.
Pela projeção do BC, a produção agropecuária deverá aumentar 0,2% este ano (1,8% em 2015 e 2,1% em 2014). A atividade industrial deverá retrair 5,8% em 2016, terceiro recuo anual consecutivo.
O BC também projeta recuou de 2,4% para o setor terciário em 2016 e destaca as contrações nos segmentos de comércio (7%), transportes, armazenagem e correio (5,6%) e outros serviços (3,1%).
O cálculo para a redução do consumo das famílias é de 3,3%. Segundo o BC, a projeção é consistente com o cenário do mercado de trabalho, redução da renda e crescimento modesto esperado para o mercado de crédito.
“O consumo do governo, evidenciando a continuidade do ajuste fiscal em curso, deverá recuar 0,7% em 2016 (-1,0% em 2015)”, acrescentou o Banco Central.
A retração da Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos) é 13%, terceiro recuo anual consecutivo. Segundo o BC, essa expectativa de queda é influenciada pelo corte de gastos públicos, pelo reduzido nível de utilização da capacidade de produção da indústria e pelo nível deteriorado da confiança dos empresários.
As exportações devem crescer 6% e as importações podem cair 15%. “A projeção para as vendas externas reflete o patamar elevado da produção de culturas agrícolas importantes na pauta de exportações e o maior dinamismo esperado para as exportações de bens industriais, que deverão ser favorecidas pelos ganhos de competitividade decorrentes da depreciação do real[alta do dólar]”, diz o BC.
Já a retração das importações “repercute o ambiente de retração no consumo, no investimento e a depreciação do real”.